segunda-feira, 17 de junho de 2013




Nos últimos dias estamos vendo várias manifestações se alastrando pelo Brasil. Estas tiveram como a gota d’água o aumento da tarifa do transporte público, entretanto vem tomando outro rumo. A motivação dos jovens e trabalhadores que estão indo para a rua é de chamar a atenção para imobilidade urbana e para os problemas das áreas de saúde, segurança e educação.

A recepção foi truculenta pelo poder executivo e pela mídia elitista/conservadora que a todo custo tenta convencer que o que está sendo feito por milhares de cidadãos e cidadãs é errado, intensificando um processo de criminalização dos movimentos sociais, com reportagens produzidas no sentido de deslegitimar os protestos populares nas grandes capitais brasileiras. Estamos unidos aos que estão nesse momento tentando mudar o país, indo para as ruas, expressando a indignação com o conformismo e com a falta de perspectiva de uma sociedade menos desigual. 



Em Salvador o cenário da imobilidade urbana e de total insegurança cada dia angaria novos elementos para o caos urbano. A cidade cresce cada vez mais de modo desigual, e na base do seu desenvolvimento está uma sociedade que reflete a exclusão e a diferença social e racial. Marcada pelo passado escravista, a ocupação do espaço urbano ocorreu de maneira distinta, conforme as necessidades das classes de maior poder aquisitivo em detrimento da maioria da população que vive as margens dos serviços públicos básicos.


O modelo se perpetuou e ainda hoje a ordem da ocupação da cidade tem o interesse privado como determinante no direcionamento dos investimentos Estatais e no planejamento do desenvolvimento urbano. O transporte coletivo, por exemplo, tornou-se mais um fator de exclusão social por diversas razões: alto preço da tarifa, precariedade no serviço prestado a população além da falta de linhas que atendam a demanda dos bairros mais distantes. Estamos perto de um colapso urbano, vez que há uma busca pelo transporte privado, para aqueles que podem, tornando alguns pontos da cidade intransitáveis em de
terminados horários. 
Tal situação é fortalecida pelo SETPS, um sindicato patronal que controla esse setor e cumpre o papel que caberia a prefeitura da cidade. Não há nenhum tipo de transparência no que se refere às contas e as práticas que envolvem o aumento da tarifa. Nesse sentido é urgente a criação de uma empresa pública que regule, controle e realmente responda aos interesses da população soteropolitana no que diz respeito ao transporte público.

Salvador precisa mudar seu quadro de desigualdade. As justificativas de baixa arrecadação municipal e de uma herança de crises históricas tentam maquiar o real descompromisso da gestão administrativa. A falta de prioridade e de projeto político de mobilidade urbana, que atenda de fato o interesse coletivo, é fruto do modo como Salvador esta sendo gerida. 

Tendo como horizonte o passe livre, defendemos que há necessidade de fortalecer e criar outros modais de transporte coletivo, com integração tarifária, além da criação de um Conselho Municipal de Transporte, transparência da planilha de custos para o transporte e abertura de licitação das empresas de transporte coletivo. Para atender as necessidades da juventude soteropolitana deve ser estabelecida a facultatividade do SSA CARD, além da criação de outros postos de recarga, transporte público 24h e melhores condições de trabalho aos rodoviários. Por fim torna-se evidente e fundamental a elaboração de um Plano Diretor de Mobilidade Urbana. 

A partir dessa reflexão, convidamos todos e todas para ir ás ruas lutar por uma sociedade igualitária! 


Coletivo Crioul♀

O modelo de opressão e segregação no Brasil chegou ao limite do suportável. Na segunda semana de junho dois acontecimentos diferentes culminam no mesmo sentimento de esgotamento. A participação do Estado via polícia militar, na onda de manifestações causadas pelo aumento da tarifa de transporte nas principais capitais brasileiras, e sua participação também no assassinato do jovem capoeirista no Nordeste de Amaralina. Os dois casos apontam para um Estado violento que usa o braço armado para massacrar a população, seja no dia-a-dia das periferias, seja em momentos de insatisfação e manifestação popular.

Em paralelo, a grande mídia brasileira, intensifica um processo de criminalização dos movimentos sociais.Algumas reportagens produzidas nos últimos dias demonstram como se buscou tirar a legitimidade dos protestos populares na capital paulista. Esse é o padrão de cobertura adotado historicamente por essa mídia oligopolizada e hegemônica. Já a outra notícia, referente ao assassinato do jovem capoeirista, esteve apenas por alguns minutos nos noticiários, era apenas mais um jovem negro executado dentro de uma periferia de Salvador, e na mídia esses jovem são visibilizados apenas quando na condição de agressores, estimulam a ideia de redução da maioridade penal. Ideia que é ventilada por essa mídia elitista apenas quando se trata de um jovem pobre, pois quando são filhos da classe poderosa desse país que cometem crimes, o tratamento é diferenciado.

Discutir a redução da maioridade penal a partir dos parâmetros colocados por essa mídia, não contribui para solução do problema de insegurança, tão pouco o modelo de atuação da polícia. Eles contribuem na verdade para ampliar o abismo da desigualdade social e racial desse País.

São óbvios os indícios de que esse modelo de Estado não segue na direção de uma sociedade mais justa e igualitária, segue na direção de uma sociedade menos democrática e que segrega minorias políticas. A juventude se rebelou! Incialmente com o barulho dos vinte centavos,posteriormente dando conta de que já não temos mobilidade urbana, estamos presos dentro das grandes capitais, não temos garantia de direito a segurança, principalmente se for jovem e morador de periferia. O Estado Laico são apenas palavras! Tentam nos tirar direitos como o de escolher a quem amar, e com quem ter filhos (vide cura gay e estatuto do Nascituro) e insistem em um modelo político vigente que impossibilita mudanças estruturais. São essas contradições que nos levam as ruas pra dizer que basta!

• Pelo Passe Livre
• Por mecanismos que impeçam o monopólio da informação e gerem a democratização da mídia
• Pela Reforma Política.
• Pelo fim do extermino da juventude negra
• Pelo direito a cidade
• Pelo direito a livre manifestação e a liberdade de expressão
• Por mobilidade Urbana de verdade


Coletivo Crioul♀
Aline Cruz – Diretora de Combate ao Racismo – DCE UFBA
Elen Coutinho – Diretora de Comunicação– DCE UFBA
Jessica Santos – Diretora de Direitos Humanos– DCE UFBA

quarta-feira, 5 de junho de 2013

 
O Coletivo Crioulo nasce da necessidade de disputa dos aparelhos hegemônicos na sociedade brasileira. Um projeto de sociedade popular, democrática e de esquerda é o nosso horizonte. A luta por uma sociedade justa e igualitária é o que nos move.
 
Para nós é urgente que o movimento social retome o protagonismo na disputa ideológica do Estado. Nos últimos 10 anos, o fato de estar em curso no Brasil governos de esquerda, trouxe em certa medida um recuo dos movimentos sociais, tanto no que diz respeito a luta em torno de pautas em que não houve avanços como a reforma agrária, quanto em pautas em que houve avanços como a democratização do acesso a Universidade para a classe trabalhadora.A Universidade pública Brasileira é o espaço de produção do conhecimento e é também um dos principais espaços onde se refletem as deficiências de nossa sociedade como a segregação das minorias políticas. Em suma é um dos aparelhos hegemônicos que consideramos essencial na tomada do poder pela classe trabalhadora.

Disputar os rumos da Universidade Pública nesse momento histórico é dizer sim, as cotas foram um avanço social e disputar ações afirmativas por inteiro no sentido de promover equidade na formação dos estudantes é central para formação de um Brasil menos desigual. É não perder do horizonte programático a importância da pesquisa, da extensão e da produção do conhecimento, livre dos interesses do capital privado e centrados nos interesse da soberania nacional. Junte-se a nós nesse movimento de combate a todo tipo de discriminação. Reforçamos nosso caráter anti-racista, feminista e de esquerda.

                                  "Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem”
                                                                                                       Rosa Luxemburgo

Coletivo Crioulo
53º Congresso de Estudantes da UNE