segunda-feira, 27 de abril de 2015

Ações afirmativas, juventude negra e produção do conhecimento.



É um fato que o acesso ao ensino superior foi democratizado no Brasil nos ultimo 10 anos. Mas em que medida a inclusão de mais negros, pardos e estudantes de escola pública em geral se traduziu em uma mudança na produção de conhecimento? Em que lógica esses grupos foram incluídos nas Universidades? O sentido das ações afirmativas como meio para promoção de justiça histórica e descolonização depois de uma década esta se cumprindo?
É tempo de avaliar para avançar. É fato também que a democratização do acesso as Instituições de Ensino Superior (IES) não garante a permanência dos cotistas nem tampouco o aproveitamento completo da experiência universitária. A realidade das Universidades hoje é de trabalhadores estudantes e as especificidades desse novo público precisam ser consideradas como adversidades a serem superadas pelo conjunto da sociedade para construção de uma nova agenda do trabalho que aponte para a redução da jornada e o aumento substancial do tempo de estudo dos jovens brasileiros.
Em que medida os trabalhadores estudantes estão inseridos nas pesquisas acadêmicas? A formação é a mesma que o estudante não cotista?
As respostas negativas para as duas perguntas surtem efeito no ingresso na participação do cotista na produção do conhecimento e no ingresso na pós-graduação. É nessa parte da academia onde há uma grande peneira social e diversas barreiras a entrada que fica o “doce fino” que ainda não tivemos acesso e sem o qual nada mudaremos na inteligibilidade e trajetória das Universidades. Existe um programa de iniciação cientifica chamado “PIBIC das Ações Afirmativas”, em vigência em varias universidades do país, mas em um volume muito pequeno. Será que o cotistas não quer fazer iniciação cientifica? Será que a vontade de fazer mestrado e doutorado só existe em uma parte dos estudantes?
A questão que está colocada é que a peneira social da pós-graduação tem diversas facetas: a língua estrangeira que não é facilmente obtida; a participação em iniciação científica; os processos seletivos caros e espalhados pelo país; os processos de apadrinhamento na seleção de projetos,  etc. Há cursos onde há um processo unificado de seleção, um exame nacional, uma prova que pode ser feita em lugares diferentes do país e servem para seleção em uma diversidade de Universidades, como a ANPEC – prova dos cursos de Economia que custa em média $300,00 a inscrição.  Mas há cursos como os da área de Serviço Social que cada Universidade tem seu processo seletivo, com o custo alto, com submissão de projetos e a dificuldade de acesso inviabiliza a participação do cotista desde a seleção. Por tanto o eixo das ações afirmativas na pós-graduação é urgente. Esse ainda é um espaço reservado para a elite dentro das universidades. 
Sem a compreensão de que o sentido das ações afirmativas é mais que popularizar o ensino superior nos moldes que ele foi formado no Brasil, sem garantir o ingresso na pós-graduação, sem acesso a pesquisa e a produção conhecimento não haverá contra hegemonia nas Universidades. Haverá mais do mesmo conhecimento produzido majoritariamente sob universos e lógicas dos grupos étnicos-raciais e econômicos dominantes. Trata-se de mais que garantir a permanência do Cotista na graduação. Trata-se de entender que estamos construindo um novo processo de educação para superar séculos de desumanização e exploração. Um processo de educação contínuo e emancipador capaz de eliminar a hierarquia social que determina quem tem acesso ao quê na sociedade.
Elen Coutinho
Economista, Pesquisadora CNPQ
Coletivo Crioulo

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Hoje é dia de desejar vida longa a Alexandre Santana, militante desse coletivo que sempre teve disposição para construir a luta por dias melhores para o povo negro. 
Alexandre é mais um lutador a se formar em uma Universidade pública e renovar nossas esperanças!

Felicidades hoje e sempre grande irmão!


domingo, 12 de abril de 2015

Explicando a questão da terceirização e o PL 4330: 


Este projeto de lei aprovará a contratação de empresas que fornecem mão de obra terceirizada em qualquer quantidade e em qualquer lugar da cadeia produtiva. Hoje uma empresa só pode terceirizar no que chamamos de atividade meio, que são as funções secundárias para a empresa. Ou seja, hoje, uma empresa que produz carros não pode terceirizar a linha de produção, mas pode terceirizar a segurança, o restaurante e a limpeza. Na nova lei uma escola poderá contratar outra empresa para fornecer professores, um restaurante pode terceirizar sua cozinha, poderá inclusive haver uma empresa sem nenhum funcionário e que terceiriza todas as suas atividades. Mas por que um empresário terceiriza? O manual de economia da USP diz que a função de uma empresa é o lucro, e que os empresários só investem se houver possibilidade de ganho. A terceirização é uma forma do empresário economizar com a folha de pagamento. Mas não há mágica, uma empresa só consegue fornecer mão de obra mais barata para outra empresa se ela pagar um salário menor ou reduzir os direitos trabalhistas. Hoje os trabalhadores terceirizados ganham em média 30% menos, estão envolvidos em 70% dos acidentes de trabalho que resultam em morte, ficam nos seus postos de trabalho em média 1ano. Assim, liberar todos os tipos de terceirização significa ampliar um regime de contratação que possibilita reduzir salários e direitos. Na prática, vamos flexibilizar a CLT e criar dois regimes jurídicos de trabalho, um com direito a FGTS, férias anuais, décimo terceiro, plano de carreira e seguro desemprego. Outro com contratos temporários sem nenhum destes direitos, inclusive entre os funcionários públicos. Os países que são assim são México, Vietnam, Tailandia, nenhum deles desenvolvidos, nenhum deles onde os trabalhadores tem uma vida decente. Pense nisso, que país você quer para você? 

Texto do professor Sergio Godoy

Venha pra rua impedir esse abuso dia 15 de abril de 2015. É Greve Geral!







Quem paga a conta dita as regras.
Tramita no STF uma ação que pode proibir empresas de doarem milhões para candidatos e partidos políticos. Financiamento privado de campanhas eleitorais é o "gene da corrupção”. 95% de todas as doações para campanhas eleitorais foram feitas por grandes empresas -- inclusive as envolvidas no escândalo Lava-jato. É assim que as empresas investem para então ganhar em troca acesso ao poder e influência, mas isso está prestes a mudar.

A maioria dos ministros do STF já votou pelo fim dessas doações, mas o processo emperrou nas mãos de um único ministro: Gilmar Mendes.

Ninguém conseguiu convencê-lo ainda. Ele sabe que não pode segurar a decisão para sempre, mas sem pressão ele vai levando -- já levou por 1 ano!! Vamos mostrar ao ministro Gilmar que centenas de milhares de brasileiros se uniram contra o gene da corrupção

Assine para conseguirmos a maior mudança da política brasileira nos últimos anos -- depois repasse para todos:

Compareça na Manifestação na Faculdade de Direito e vamos juntos fazer um grande

 #DevolveGilmar