segunda-feira, 28 de abril de 2014

Não são só umas bananas...

Esplêndida a atitude de comer a banana, prosseguir com o jogo e mostrar o quanto é talentoso em campo (palmas). Mas se isso não é acompanhado de um posicionamento realmente combativo é como se ele estivesse engolindo a banana e o racismo também. A atitude seguida de uma declaração de que não devemos dar importância a atos racistas chega a ser um desrespeito a luta do Movimento Negro que conquistou tantas vitórias.

Não vivemos numa democracia racial, e o racismo não esta na minha cabeça. Esta nos índices de mortalidade de jovens negros desse país, nas taxas de desemprego, de analfabetismo, de desnutrição, de pobreza e por ai vai... 

Alôo, esta institucionalizado, em algum momento vai te afetar,mesmo que você não perceba! Não temos culpa dos anos de escravidão sofrido pelo povo negro, mas colhemos os frutos desse período até hoje e temos a responsabilidade social e política de combater e não reproduzir práticas racistas.

Não, não é exagero combater essa campanha ridícula que só legitima o racismo. O negro foi historicamente (e ainda é apesar dos avanços que conquistamos) considerado e tratado como animal. Por muito tempo lhes foi negada a condição de humano, de gente, de cidadão. O termo macaco sempre foi pejorativamente usado para reproduzir isso. Portanto eu não quero ser comparada com um animal, desde um cachorro em uma campanha publicitária de um vereador racista a uma campanha com bananas que se diz solidária. Dizem que somos todos macacos, mas vai falar de cotas pra negro, aí já é racismo. Meche nos privilégios deles pra vê até onde vai essa “solidariedade”. 

Não queira pormenorizar o racismo, não queira pormenorizar minha revolta. Não é somente pela banana... é porque estou CANSADA! 

Cansada de ser seguida no shopping, cansada de ver negros sendo espancados e amarrados em postes, cansada de ver meninas alisando desesperadamente os cabelos pra se enquadrar a um padrão de beleza que diz que seu cabelo é ruim, cansada por que a Claudia e o Amarildo poderiam ser meus parentes, por que minha prima preta ganhou dezenas de bonecas loiras em seu aniversário, por que muitos negros tem vergonha de afirmar sua identidade, porque minha cidade é majoritariamente negra e minha universidade é majoritariamente branca, cansada de ser vendida como divertimento pra gringo, cansada por que cotidianamente o negro é insultado por cultuar sua crenças religiosas de matrizes africanas. Enfim CANSADA!

Mas como diz a música: 
“Eu não compactuo com esse jogo sujo, Grito mais alto ainda e denuncio esse mundo imundo” - Ellen Oléria

Aline Cruz - Coletivo Crioulo
Diretora de Combate ao Racismo DCE UFBA

domingo, 20 de abril de 2014





Marilena Chauí

Marcelino Galo


Emiliano José





Popularizar a Universidade é mais que colocar a classe trabalhadora nos bancos das salas de aula!


Para alguns a defesa da popularização da Universidade está distante absolutamente da defesa da excelência acadêmica, e o medo de perder o que conquistamos a duras penas os coloca em uma posição defensiva e nada avançada. Para outros que sabem exatamente por que defendem a popularização da Universidade, são dois elementos alinhados.

A Universidade Federal da Bahia ainda não se popularizou o suficiente, ainda há cursos que não são populares, e os cursos mais populares não tem a estrutura que deveriam ter. São dois vetores de popularização: o povo dentro da universidade e o conhecimento produzido.

A expansão não traz necessariamente a perda da qualidade. O processo de expansão das vagas deve ser continuo, e a qualidade do ensino elevada. Esse é um dos entendimentos que o estudante trabalhador precisa ter para não achar que ocupa o espaço da Universidade pública “de favor”.

Excelência acadêmica não é produtivismo, não tornar este conceito um conceito contrario a nós e a nossa entrada na universidade, quebrar a difusão do elitismo é dizer que o espaço acadêmico também é nosso. Entender que a Universidade pública serviu durante muito tempo aos interesses e a manutenção de uma classe, e agora deverá servir aos interesses de uma nação, e deverá de fato cumprir sua função social.
A Universidade da elite era de excelência? Porque a nossa não será? Porque produziremos conhecimento contra-hegemônico, e este não será o espaço da excelência acadêmica?

Que as repostas não nos remetam ao elitismo, que as respostas nos levem a popularização da produção científica, da produção do conhecimento, do ensino da pesquisa e da extensão.

A UFBA pode e deve ser: democrática, popular e de excelência; que produza conhecimento contra-hegemônico, pois a universidade ocupa um espaço importante na disputa da opinião e dos valores da sociedade. Por isso, todas as investidas sobre a universidade no sentido de populariza-la tratavam-se de disputa da hegemonia, eram sobre a liderança cultural-ideológica de uma classe sobre as outras. Por isto na atual conjuntura de 10 anos de cotas na UFBA, de 14 anos de governos progressistas em âmbito federal que retomou investimentos na educação superior pública recuperando-a de uma situação de sucateamento, nós devemos pressionar por mais; por transformação completa, pois a tomada desse aparelho hegemônico é crucial para a revolução cultural, é crucial para o nosso projeto de esquerda.

Escrevo para dizer que nesse processo eleitoral da Reitoria da UFBA não precisamos ter medo de sonhar, ter medo de amar e mudar as coisas. Não se pode estagnar, achar que é o suficiente, esse não era o fim do nosso projeto, era e é apenas o caminho. E o caminho é ainda pela esquerda. Um projeto que tenha referência nas nossas conquistas, mas que seja diferente do modelo passado, que vá mais além, que retome a liderança política da UFBA, que seja comprovadamente um sucesso de gestão, que entenda cada problema minucioso e seja capaz de democraticamente resolver, que compreenda e trate como urgência os problemas da assistência estudantil para que nós possamos nos debruçar sobre a permanência de outra perspectiva, para que o nosso debate seja não mais sobre os problemas e sim sobre qual o caminho dos avanços, qual o caminho de tornar a UFBA referência no Programa de permanência, referência em democracia universitária.

Meu candidato é o professor João Carlos Salles, com um histórico irretocável de compromisso com a Universidade, de defesa das Cotas e de excelente gestão da FFCH. Meu candidato nunca esteve posicionado contra o nosso projeto e é hoje quem tem mais condições e coerência para nos levar a outro patamar de Universidade Pública. Com João a UFBA será além de democrática, popular e socialmente referenciada, uma protagonista para o desenvolvimento da Bahia. 


Elen Coutinho
Militante do Coletivo Crioulo
Secretária de formação Política do Partido dos Trabalhadores da Bahia