Política de Ações Afirmativas na UFBA para além das cotas!
As políticas de Ações Afirmativas
surgem como forma de combater a idéia da existência de uma democracia racial no
Brasil e representa o reconhecimento por parte do Estado dessas condições de
desvantagem que negros e indígenas enfrentam nos diferentes âmbitos sociais,
inclusive no ensino superior, necessitando de um tratamento desigual para
alcançar a equidade. Elas se caracterizam como uma forma de justiça reparatória
possuem um público alvo e são temporárias.
Em 2014 completaremos
uma década de implementação do Programa de Ações Afirmativas da UFBA
(PAA-UFBA). Aprovado em 2004, esse programa foi fruto de uma grande mobilização
de setores da Comunidade Acadêmica e organizações do Movimento Negro que sempre
lutaram pela democratização do ensino superior e ampliação do acesso da
população negra, quilombola e indígena aos bancos da universidade pública.
A ampliação do acesso para estudantes
negro/as, quilombolas e indígenas, oriundos de escola pública foi uma
importante estratégia desse programa. Após a adoção das cotas a universidade se pinta de povo, entretanto, vale ressaltar que
a reserva de vagas não garante a ocupação da mesma. Apesar de conquistarmos as
cotas, o programa que previa ações de preparação, ingresso, permanência e
pós-permanência ainda tem muito que avançar.
Nesses 10 anos de Ações Afirmativas
da UFBA o que a PROAE (Pró-reitoria de ações Afirmativas e Assistência Estudantil) apresentou ou efetivou do plano? O
entendimento é que o programa Permanecer (de gerência dessa Pró-reitoria, especificamente da Coordenadoria de Ações Afirmativas Educação e diversidade) é de
assistência estudantil, e em todos os espaços ele é assim apresentado. É certo
que o plano de ações afirmativas previa a garantia da permanência (assistência
estudantil), mas não só isso, e por não ser só isto é que Ações Afirmativas e
Assistência Estudantil são diferentes.
A PROAE atualmente é dividia em três coordenações: Coordenação de Ações
Afirmativas, Diversidade e Educação; Coordenação dos Programas de Assistência
ao Estudante e Coordenação de Infraestrutura executiva. A necessidade de se
retirar o Programa de Ações Afirmativas desse guarda-chuva de políticas
necessárias, e dar a centralidade que a política de reparação e integração a
vida Universitária precisa é auto explicativa:
A diversidade na origem dos estudantes garantida pelas cotas faz emergir demandas muito próprias de cada segmento,
especialmente questões fruto da vulnerabilidade socioeconômica generalizada,
assim como questões delicadas por pertencerem a contextos culturais diferenciados
e estigmatizados por não hegemônicos. A inexistência
de políticas específicas de amparo, que garantam participação e permanência
plena dos cotistas na UFBA, faz com que os mesmos, em geral, não possam
usufruir adequadamente da experiência universitária. Nega-se, dessa forma, a
inclusão evocada pelo sentido de existência das Ações Afirmativas enquanto meio
de promoção de justiça histórica e descolonização.
Manter a política de ações afirmativas debaixo de um guarda-chuva de
eixos norteadores de políticas públicas, é não se responsabilizar mais uma vez
sob a efetividade e garantia desta. Resguardada a importância com o cuidado e
atenção com a Diversidade e com as Ações Afirmativas, manter uma coordenadoria
geralzona é irresponsável e descomprometido.
Os dados do programa PIBIC das Ações Afirmativas apresentam o panorama da relevância e da impotancia da política afirmativa dentro da universidade nos últimos anos. Desde 2009 (ano da
criação do programa de bolsas PIBIC Ações Afirmativas ) a UFBA tem bolsas PIBIC
CNPPQ Ações Afirmativas. Veja a importância que a instituição reconhece no
programa.
Dados sobre o PIBIC:
2009/2010 – 858 bolsistas PIBIC e 25 bolsistas
PIBIC AF
2010/2011 – 923
bolsistas PIBIC e 32 bolsistas PIBIC AF
2011/2012 –1067
bolsistas PIBIC e 32 bolsistas PIBIC AF
2013/2014 – 1320 bolsas
PIBIC na UFBA (entre CNPQ, FAPESB, UFBA, etc) e apenas 31 bolsistas PIBIC AF.
As
Ações Afirmativas são vetor de melhoramento e promoção da ciência, das próprias
universidades, pois, essas precisam sempre se aperfeiçoar, incluir trajetórias,
universos e inteligibilidades diversas para que cumpram sua missão de
excelência, expansão, aprimoramento contínuo. Ou seja, as transformações
exigidas pelas A.A. não podem ser apenas pontuais, antes, é condição sine qua non que sejam totalmente
estruturais e transversais a todos os eixos das IES brasileiras.
(CACUFBA; 2012).
Coletivo Crioulo
Fonte
Carta de Fundação do Colegiado Autônomo de Estudantes Cotistas da UFBA - CACUFBA; dez 2012; II ENNUFBA.
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